Como testar e reparar o sistema de Arla do caminhão?

Arla 32 - Emitec | Como diagnosticar?

O tão conhecido Arla 32 é uma solução de ureia e água desmineralizada, utilizado nos veículos de ciclo Diesel (Euro 5 em diante) para reduzir a emissão de Óxido de Nitrogênio (NOx), sendo injetado no tubo de escapamento do veículo. Ao entrar em contato com os gases do escape, esse liquido reage quimicamente com as partículas de óxido de nitrogênio transformando-as em água e nitrogênio, tornando os gases da saída menos nocivos à saúde.

Embora seja importante para o meio ambiente que esse processo ocorra corretamente, muitos ainda optam por isolar o sistema de SCR (Redução Catalítica Seletiva) do veículo por não o conhecer direito ou, por não saber realizar corretamente a manutenção necessária. Esse recurso, além de ser proibido por lei, acaba danificando o sistema e liberando muito mais poluentes do que o permitido.

Quando o liquido do Arla fica "parado", sem utilização, dentro das tubulações e componentes eletrônicos do sistema, ele seca e acaba danificando os sensores e a bomba, responsável por pressurizar o reagente até o bico dosador para ser pulverizado. Uma vez danificado, para voltar a funcionar, pode ser necessária troca de vários componentes com custo relativamente alto.

Exemplo da Bomba aplicada no sistema Emitec

Para evitar este tipo de gasto é muito importante manter o sistema em dia, e garantir a procedência do reagente. Nada de misturar água no tanque de Arla eim! Isso também danifica o sistema e, rodar com o sistema SCR defeituoso faz com que o motor do caminhão trabalhe com potência reduzida, forçando o condutor a levar o veículo à uma oficina para reparar o sistema.

Um dos principais defeitos que sempre encontramos no sistema de Arla 32 da Emitec, que equipa a maioria dos caminhões Ford Cargo e alguns outros é o registro dos códigos de falha: 2772 (NOx na saída do sistema de pós-tratamento - nível acima da faixa de operação - menos severo) e 2773 (NOx na saída do sistema de pós-tratamento - nível acima da faixa de operação - mais severo), reduzindo a potência do motor e acendendo a luz de anomalia de Injeção e Arla no painel.

Se está com esse problema ou já presenciou essa situação e não soube o que fazer, vem comigo porque nós vamos desvendar o mistério por detrás deste defeito 👊! Vamos focar no sistema Emitec por ser, considerado por nós, um dos que mais gera transtornos dentro das oficinas por ter algumas características que dificultam a manutenção para os que ainda não o conhecem.

Por que ele ocorre?

Essas duas falhas aparecem quando o módulo detecta que a quantidade de NOx emitida no escape é maior do que o esperado com o sistema em pleno funcionamento. A primeira falha (2772) é gerada quando esse nível de emissão de Óxido de Nitrogênio está um pouco acima do normal, o que pode significar que o sistema está injetando menos arla do que o esperado, devido a sujeira, entupimento e etc. Esta falha ainda não produz efeito no rendimento do motor. A segunda (2773) é gerada quando esse nível de emissão aumenta ou, como a própria descrição da falha diz, fica mais severo. Então a potencia do motor é consideravelmente reduzida, e essas duas falhas só se apagam depois que o sistema estiver OK.

Exemplo de Luz de anomalia no sistema de Arla

Passo nº 1 - Conferir a alimentação da bomba dosadora

Com um multímetro é possível conferir se o chicote que vai até a bomba não está danificado. Confira se no conector da bomba chega:

24V + positivo da bateria
24V + positivo pós-chave
0V - negativo da bateria
2.5V + rede CAN
2.5V + rede CAN

Se algum desses valores não for encontrado, confira se não há fusível queimado ou rompimento do chicote.

Passo nº 2 - Verificar se o sistema está funcionando corretamente

Com um Scanner Automotivo, é possível verificar se o sistema está funcionando como esperado pelo fabricante, injetando a quantidade correta de arla por um determinado tempo. O teste é feito da seguinte forma:

o bico dosador deve ser retirado do escape e colocado em um recipiente que permita a medição em Litros da quantidade injetada;
a bomba entra em funcionamento e começa a injetar 1L/h durante aproximadamente 6 minutos;
no final do teste, a bomba para de injetar, e o sistema começa fazer a purga (injeta somente ar para limpar o que sobrou do liquido na tubulação);
nessas condições, o sistema deve injetar aproximadamente 100ml, com uma tolerância de 10%.

Se a quantidade injetada for inferior a este valor, o sistema precisa ser reparado.

Na maioria dos casos, o problema é apenas sujeira nas partes internas da bomba. O liquido seca nos componentes e faz com que algumas passagens fiquem entupidas, não permitindo a dosagem correta no sistema. Também pode ser trocado o kit de reparo interno.

Passo nº 3 - Fazer o Reset do sistema de SCR

Depois que o sistema estiver operando corretamente, ainda é necessário fazer um "reset" para que o módulo aprove a eficácia do reagente, garantindo que este se encontra em pleno funcionamento. Este ajuste deve ser feito com o veículo em ciclo de condução. Por isso recomendamos que duas pessoas façam o teste, sendo uma para conduzir e outra para operar o Scanner.

O teste só inicia quando o sistema detectar as condições ideais para injetar o liquido reagente, para avaliar a quantidade de NOx emitido e a quantidade de NOx eliminado pelo reagente. Em nossos testes, costumamos trafegar com o veículo em rodovia, de preferência subindo uma serra, para que seja aplicada carga no motor, permitindo a dosagem de arla e facilitando o processo do teste.

No final do teste, será exibida uma mensagem: "Sistema ok - Aprovado" se tudo estiver funcionando perfeitamente ou, "Sistema não OK - Reprovado" se o sistema ainda estiver ineficiente. Só depois da aprovação desse teste será possível apagar os códigos de falhas relacionados ao nível de emissão de NOx.

Agora que o teste foi aprovado e as falhas apagadas, imediatamente a potência do motor será restaurada e, o caminhão pode retornar às atividades normalmente.

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Reparador Br